Os homelifts surgiram para contornar as dificuldades de aplicação dos elevadores convencionais em moradias e edifícios existentes. Para isso, as normas brasileiras ABNT NBR 12892 e ABNT NBR ISO 9386 permitiram construir equipamentos para transporte de pessoas, capazes de se deslocar até 12 metros, sem ter a necessidade de casa de máquinas e poço.
Os “homelifts” ou elevadores residenciais surgiram há quase três décadas para responder a necessidade de transporte vertical de pessoas com mobilidade reduzida em edifícios públicos e habitações unifamiliares e devido à dificuldade de aplicação do elevador convencional nas referidas situações.
As dificuldades de instalação de um elevador convencional estão, essencialmente, relacionadas com a área ocupada, a energia consumida, a necessidade de um poço (espaço abaixo do nivelamento extremo inferior) e um pé direito alto no nível superior. Estes itens podem ser difíceis de se conseguir em habitações unifamiliares e em muitos edifícios públicos.
No Brasil, os homelifts estão se tornando mais populares, devido à procura de melhor qualidade de vida e da legislação relativa à acessibilidade. Atualmente não faz sentido a concepção de um projeto de moradia ou de um edifício público sem a previsão de um equipamento de acessibilidade, como meio de aumentar o conforto e prevenção de necessidades futuras. O custo de aquisição e manutenção destes equipamentos é totalmente comportável, devido às diversas opções oferecidas pelo mercado.
COMPARAÇÃO COM OS ELEVADORES CONVENCIONAIS
No Brasil, os homelifts podem ser divididos em Elevadores Unifamiliares ou de uso restrito à pessoa com mobilidade reduzida ou Plataformas Elevatórias.
A maior diferença entre os homelifts e os elevadores é com relação a velocidade máxima: estes não possuem limite de velocidade, enquanto aqueles não podem ultrapassar 0,35 m/s.
A alimentação pode ser monofásica e o consumo é normalmente muito mais reduzido do que nos elevadores, necessitando de motores com potência inferior a 2,2 kW.
No Brasil não há uma lei que obrigue os proprietários dos homelifts a contratarem um serviço de manutenção para estes equipamentos. No entanto, os proprietários ou condomínios serão responsáveis por toda ocorrência que houver no equipamento.
Caso uma empresa de manutenção seja contratada para realizar serviços de manutenção, esta deve ter registro no CREA/CONFEA e possuir engenheiro responsável para assinar pelos serviços. No entanto, diferentemente dos elevadores convencionais, em que as manutenções periódicas são feitas mensalmente, nos homelifts esse período pode ser mais espaçado (bimestral, trimestral…).
De resto, os homelifts dispõem dos mesmos tipos de elementos básicos de segurança dos elevadores convencionais, como exemplo o freio de emergência, limitador de velocidade, alarme ou telefone, porta de cabine (no caso dos elevadores unifamiliares).
Os elevadores unifamiliares possuem algumas diferenças em relação às plataformas elevatórias: possuem porta de cabine, podem ter percurso de até 12 metros, sua velocidade pode atingir 0,35 m/s, são de comando automático (é necessário pulsar o botão de chamada para que o equipamento inicie o movimento). As plataformas elevatórias não precisam ter porta de cabine, podem ter percurso de até 4 metros, sua velocidade pode atingir 0,15 m/s e são de pressionamento contínuo (o botão de chamada deve permanecer pressionado até o fim da viagem).
TIPOS DE HOMELIFTS
Com relação ao tipo de acionamento, são encontrados três tipos de homelifts no Brasil: pistão hidráulico, tração elétrica e rosca sem fim.
Pistão hidráulico
O acionamento por pistão hidráulico já foi bastante utilizado nos homelifts. Consiste de um pistão hidráulico acoplado a cabine, que são movimentados pelo bombeamento de óleo para dentro ou para fora do cilindro.
Os homelifts acionados por pistão hidráulico têm algumas vantagens: precisam de pouco espaço acima da cabine, facilitando a sua aplicação em edifícios com pé direito reduzido no piso superior e possuem facilidade de resgaste dos usuários em caso de avaria ou falta de energia, já que se trata unicamente de abrir uma válvula para aliviar a pressão do pistão e fazê-lo descer.
As desvantagens destes equipamentos são: a presença de óleo hidráulico e vazamentos, gerando odores e necessitando de descarte; necessidade de um local para instalar a central hidráulica; ruído gerado pela central hidráulica; velocidades reduzidas e percursos limitados.
Tração elétrica
Tem sido o tipo de acionamento mais comum entre os homelifts. Consiste de um motor elétrico, polias de tração e contrapeso ou polias e tambores de enrolar. O motor elétrico movimenta o equipamento por meio de cabos de aço ou cintas acopladas à cabine.
Algumas vantagens dos homelifts acionados por tração elétrica: podem ter uma boa eficiência energética quando acionados por motores adequados e inversores de frequência; ruído do equipamento é menor quando comparado com os hidráulicos; podem alcançar uma boa faixa de velocidade e percursos; possuem um maior conforto durante a viagem.
As desvantagens são: necessita de um espaço no topo da caixa de corrida para acomodar a máquina de tração; necessita de um sistema de resgate automático (nobreak) ou um sistema mecânico para tal finalidade.
Parafuso sem fim
Ainda é bastante utilizado em plataformas elevatórias. Consiste de um parafuso sem fim com o comprimento do curso da cabine, que pode ser fixo (quando o motor está embarcado na cabine) ou móvel (quando há uma porca fixa na cabine, que se movimenta com a rotação do parafuso).
Os homelifts acionados por parafuso sem fim possuem uma vantagem por serem de construção e instalação simples, no entanto possuem algumas desvantagens: se o motor for instalado na cabine, haverá mais ruído; acidentes causados por desgaste da porca da cabine, que deve ser fabricada em material menos resistente do que o do parafuso; limitação do percurso e velocidade.
Comparativo
Os homelifts mais vendidos e utilizados são os de tração elétrica. Eles acabaram se tornando mais confiáveis, seguros e confortáveis do que os demais.
Segue alguns quesitos comparativos entre os três tipos de homelifts:
Facilidade de adaptação do local – Os do tipo parafuso sem fim possuem uma melhor adaptação a locais existentes e normalmente necessitam de menor espaço físico para serem instalados. No entanto, muitos fabricantes de homelifts de tração elétrica têm se tornado bastante versáteis, criando projetos de equipamentos bem reduzidos, podendo ser instalados em pequenos espaços.
Eficiência energética – Todos os três possuem uma boa eficiência energética, mas os homelifts elétricos necessitam ser controlados por inversores de frequência, para um melhor aproveitamento da energia.
Segurança – Os homelifts hidráulicos e de tração elétrica possuem sistemas de segurança mais robustos. No entanto, os hidráulicos necessitam de uma atenção a mais nas manutenções, devido aos componentes mais sensíveis (mangueiras, conexões, vazamentos).
Maiores cursos possíveis – Os homelifts de tração elétrica têm capacidade de atingir maiores percursos em relação aos demais.
Ruído audível – Os homelifts de parafuso sem fim podem ser mais ruidosos, caso o motor seja acoplado à cabine. Os hidráulicos produzem mais ruídos no local próximo a central hidráulica, e os de tração elétrica possuem o ruído do motor dentro da caixa de corrida do equipamento (normalmente são equipamentos sem casa de máquinas).
Conforto – Os homelifts de tração elétrica com comando microprocessado e com inversor de frequência possuem um maior conforto nas viagens. O seu comando pode proporcionar ao usuário viagens seguras e rápidas, com paradas e partidas bem suaves (duas ou mais velocidades).
Preço – Os homelifts de parafuso sem fim costumam ser os mais baratos. Os de tração elétrica costumam ser os mais caros, devido aos itens de conforto e segurança já mencionados anteriormente.
Custo benefício – Os homelifts que possuem o melhor custo benefício são os de tração elétrica, pois apresentam um melhor conforto durante as viagens, possuem todos os itens de segurança citados pelas normas, a manutenção é mais fácil de ser realizada e não geram resíduos ou odores de óleo no local de instalação do equipamento.
Características técnicas e legislação
Os homelifts têm sua área de aplicação em edifícios unifamiliares e em edifícios existentes, nos quais a instalação de um elevador convencional é problemática.
Foram concebidos para satisfazer as necessidades de mobilidade das pessoas com deficiência motora, inclusive aquelas que se deslocam em cadeiras de rodas.
O seu curso máximo não costuma ultrapassar os 12 m. Sua capacidade de carga típica é da ordem de 200 a 300 Kg, o necessário para uma cadeira de rodas e um acompanhante ou 3 pessoas. A sua velocidade não ultrapassa os 0,35 m/s.
As suas dimensões costumam ser generosas com vista à possível utilização por cadeiras de rodas. No entanto, também existem modelos para espaços muito reduzidos.
As alimentações elétricas podem ser monofásicas e as potências requeridas inferiores a 2,2 kW.
As normas brasileiras que regem os homelifts são a ABNT NBR 12892 e ABNT NBR ISO 9386. A primeira trata de elevadores residenciais ou de uso restrito, que possuem portas de cabine e podem atingir um percurso e velocidades maiores, 12 m e 21 m/min, respectivamente. Esta última trata de plataformas de elevação vertical, que não possuem porta de cabine, podem ser não cabinadas (abertas) e possuem percurso e velocidade limitados a 4 m e 9 m/min, respectivamente.
Conclusão
Os homelifts estão se tornando casa vez mais populares em residências ou estabelecimentos comerciais. Eles possuem um preço mais acessível e uma maior versatilidade, com relação a local de instalação e obra, quando comparado com os elevadores convencionais.
No entanto, antes de adquirir um homelift, a pessoa deve pesquisar empresas confiáveis, que já estão no mercado há um bom tempo, com registro no CREA, que possuam produtos instalados funcionais e seguros e que possuam profissionais qualificados em seu quadro técnico, especialmente um Engenheiro Mecânico registrado no CREA e com experiência comprovada na área.
Alguns exemplos de homelifts da empresa Up Center Elevadores são mostrados abaixo:
SOBRE O AUTOR
Caio Vinicius Efigênio Formiga
Engenheiro Mecânico graduado pela UFG, Mestre em Engenharia de Pro- dução e Sistemas pela PUC-GO, Enge- nheiro mecânico responsável da Cober Elevadores e Up Center Elevadores, Perito Judicial do TJ-GO, com expe- riência de 11 anos no setor de trans- porte vertical.