Crescimento do mercado imobiliário desafia empresas de elevadores

Por Marcelo Braga

Um conjunto de fatores aquece os negócios no mercado imobiliário e cria um período otimista como não se via há tempos. A pandemia e o trabalho em home office fizeram com que o consumidor repensasse a moradia e o modo de viver, mesmo com toda a incerteza da crise sanitária. Com isso, a demanda pela compra de imóveis está maior do que a oferta movimentando o setor.

Esse cenário, que vem sendo descrito pela construção civil como um “miniboom”, é impulsionado pelo crédito imobiliário a juros baixos, de até 2% ao ano, a taxa mínima histórica. As incorporadoras estimam as vendas em até 49% maiores no primeiro trimestre do ano, atingindo R$ 6,02 bilhões, de acordo com o VGV (Valor Geral de Vendas), o potencial de comercialização das unidades. Para este ano, estima-se em até 10% o aumento de novos lançamentos apenas na capital paulista, segundo o Secovi.

A tendência terá impacto sobre o segmento de elevadores nos próximos anos. Há a oportunidade de o mercado superar a venda dos 20 mil equipamentos novos por ano no Brasil, criando oportunidades também para a manutenção, conservação e revitalização de elevadores já instalados.

Os ventos favoráveis trazem ao menos três desafios. A segurança de usuários e dos operários de instalação e de manutenção de elevadores, a regulação do mercado e a formação de novos profissionais. A capital paulista é uma das mais seguras para os usuários de elevadores porque uma lei municipal obriga a manutenção mensal dos elevadores. Essa segurança precisa ser estendida a todas as 645 cidades do Estado.

É o que propõe o projeto da deputada Damaris Moura (PSDB) ao determinar que nas edificações que contenham elevadores, o proprietário ou o condomínio deve se responsabilizar por providenciar e comprovar a emissão anual do Relatório de Inspeção Anual (RIA).

Nas cidades onde esse documento não é regulamentado por lei, passa a ser necessária a comprovação de contratação de empresa de manutenção de elevadores regularmente constituída e habilitada. Esse check-up nos elevadores é fundamental para evitar riscos aos usuários.

SELO ABEEL

Já para regular o mercado e distinguir o setor lança pela primeira vez um selo para destacar empresas de elevadores de acordo com os mais modernos padrões de excelência. O selo garantirá aos clientes e aos consumidores finais que a prestadora de serviços em elevadores oferece boas condições de atendimento e de gestão, adota compromissos éticos em seus processos, e é reconhecida como fornecedora de confiança.

Esse selo de distinção só poderá ser conquistado a partir da certificação de uma empresa de consultoria independente. A empresa certificada terá direito a um QRCODE impresso, que ao ser acessado, exibirá todas as informações relevantes a respeito da empresa.

A sustentabilidade e os cuidados com o meio ambiente também estão entre as preocupações do setor. Elevadores se movem com energia limpa, mas a manutenção exige a utilização de produtos derivados de petróleo, como graxa e óleo, que precisam ser descartados de forma correta.

Ao mesmo tempo, a indústria não para de se reinventar.  Novas tecnologias, internet das coisas, inteligência artificial, equipamentos com renovadores de ar para reduzir riscos de doenças respiratórias como a Covid, já são realidade. Os avanços exigem profissionais cada vez mais qualificados, necessidade não suprida pelo mercado de trabalho.

Com isso, a formação e a especialização acaba sendo mais uma responsabilidade das empresas e das associações empresariais, mesmo sem apoio governamental. Cursos de formação e qualificação passaram a ser fornecidos pelo Sindicato das Empresas de Elevadores do Estado de São Paulo.

Não basta apenas crescer, é necessário que haja crescimento sustentável em bases sólidas que ofereça qualidade e segurança aos brasileiros que trafegam por aproximadamente 480 mil elevadores pelo país. A missão das empresas é cada vez maior, com responsabilidade social para enfrentar os desafios do país.

SOBRE O AUTOR

Marcelo Braga é engenheiro, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Elevadores (ABEEL) e também do Sindicato dos Elevadores do Estado de São Paulo (Seciesp).  

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