Testando relés com o multímetro

Por Newton C. Braga

Um componente importante de qualquer sistema de elevadores é o relé. Pelas suas características eletromecânicas, este componente está sujeito a um desgaste de contatos além de problemas de bobina. Saber como testar um relé é fundamental para todo profissional de manutenção. Neste artigo, ensinamos como testar relés usando um multímetro comum.

O multímetro pode realizar basicamente dois tipos de provas em relés comuns, do tipo encontrado em instalações de elevadores, elétricas de automóveis, motos e máquinas agrícolas e outros. Os testes são:

  • – De continuidade
  • – De contacto

     Existem diversos tipos de relés no circuito elétrico de um sistema de elevadores, exercendo as mais variadas funções. Basicamente estes relés são formados por uma bobina e um jogo de contatos. Podemos utilizar o multímetro diretamente na verificação do estado da bobina e dos contatos e até fazer uma prova dinâmica com a ajuda de uma fonte de 12 V ou uma bateria.

   Prova de Continuidade

   Procedimento

– Coloque o multímetro na escala mais baixa de resistências, OHMS x1 ou OHMS x10. Se for digital use as escalas de 200 ou 2000 ohms ou a função de continuidade.
– Zere o multímetro se for analógico.
– Identifique os contatos da bobina do relé e faça a medida de sua resistência. A figura 1 mostra como fazer esta prova.

Figura 1 – Testando a continuidade da bobina de um relé automotivo (tipo redondo)

   Interpretação:

Resistência baixa, variando entre alguns ohms até no máximo algumas dezenas de ohms – enrolamento bom;

Resistência infinita – bobina aberta – ruim;

LeituraCondição
Muito baixaBom
InfinitaAberta

Observações

a) Nesta prova não se consegue determinar se existem espiras em curto. Para isso temos a prova dinâmica.

b) Esta prova também permite fazer a identificação dos contatos do relé e dos terminais da bobina. Os contatos normalmente fechados devem apresentar uma resistência nula na medida e os da bobina uma resistência muito baixa. Na figura 2 temos o procedimento comparativo para a identificação dos terminais de um relé usando a escala mais baixa de resistências do multímetro.


Figura 2 – Testando e identificando os contatos NA e NF de um relé

c) Veja que existem relés eletrônicos dotados de circuitos especiais de disparo para os quais os testes indicados não são válidos. O que ocorre com estes relés é que seu acionamento é feito por um circuito eletrônico para os quais não se têm acesso pois ficam dentro do invólucro vedado.

Prova de Contato – Procedimento

Com esta prova fazemos a identificação dos contatos NA e NF:

  1. Coloque o multímetro na escala mais baixa de resistências, OHMS x1 ou OHMS x10. Se for digital use as escalas de 200 ou 2000 ohms.
  2. Zere o multímetro se for analógico.
  3. Identifique os terminais de contatos (por eliminação, identificando antes os terminais da bobina).
  4. Meça a resistência entre eles de forma combinada. A figura 3 mostra como esta prova deve ser feita.

Figura 3 – fazendo o teste de contatos de um relé.

   Interpretação

  • Terminais entre os quais a resistência é nula – normalmente fechados ou NF
  • Terminais entre os quais a resistência é infinita – normalmente abertos ou NA.
LeituraIdentificação
BaixaNF
InfinitaNA

Observação

Veja que temos dois terminais (duas leituras) em que temos resistência infinita e resistência nula. Para uma melhor identificação será necessário fazer o teste dinâmico que é mais preciso.

   Teste dinâmico

   Fase 1 – Procedimento

  Este teste permite uma determinação melhor dos contatos.

  1. a) Coloque o multímetro na escala mais baixa de resistências, OHMS x1 ou OHMS x10. Se for digital, use as escalas de 200 ou 2000 ohms.
  2. b) Zere o multímetro se for analógico.
  3. c) Ligue os terminais do multímetro nos contatos do relé usando garras, conforme mostra a figura 4.

Figura 4 – Ligando os terminais do multímetro aos terminais dos contatos do relé

d) Ative o relé pela aplicação de 12 V na sua bobina conforme mostra a figura 5.


Figura 5 – Aplicando 12 V num relé para testar seu funcionamento.

Deve ocorrer um pequeno estalido que indica a comutação. Para relés de alta corrente a prova deve ser feita rapidamente e a fonte usada deve ter pelo menos 2 A de capacidade de corrente.

    Interpretação: 

  • A resistência vai de zero a infinito na comutação – o relé está bom – passe à etapa seguinte.
  • A resistência não se altera – o relé não está comutando – problemas internos.

Fase 2 – Procedimento

Obtida a leitura infinita para o multímetro, procure a posição das garras em que se tenha leitura nula, conforme mostra a figura 6.


Figura 6 – Procedimento de teste na Fase 2.

Interpretação

  • A posição comum da garra para a leitura nula e leitura infinita corresponde ao contacto C (comum).
  • A posição em que se tem a leitura nula com o relé desenergizado corresponde ao contacto NF (Normalmente Fechado).
  • A posição em que se tem a leitura nula com o relé energizado corresponde ao contacto NA (Normalmente Aberto).
LeituraCondição
ComumComum
Baixa sem energizarNF
Baixa energizadoNA

Observação

Podem existir relés com diversos conjuntos de contatos, no caso em que a identificação é feita por grupos, com o mesmo procedimento. Também é importante que o leitor saiba qual a disposição dos terminais do relé em teste, se bem que, com os procedimentos indicados é possível fazer sua identificação.

SOBRE O AUTOR

Newton C. Braga é autor do livro Os Segredos no Uso do Multímetro (https://www.newtoncbraga.com.br/index.php/biblioteca-do-instituto/6751-os-segredos-no-uso-do-multimetro) e mantém o site www.newtoncbraga.com.br além de um canal de vídeo.

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