Quais são os principais desafios do Brasil para avançar para a Indústria 4.0?

Por Eng. Paulo Roberto dos Santos

Para a indústria, a Internet das Coisas (IoT) é a tendência mais importante do nosso tempo. Com a combinação de sensores e atuadores, que estão incorporados em objetos físicos, e a utilização dos dados que são gerados por estes sensores, os fabricantes veem a IoT como uma nova estratégia para melhorar a eficiência da produção.

O potencial para sistemas físico-cibernéticos para melhorar a eficiência no processo de produção e da cadeia de abastecimento é muito grande. Considere processos que governam a si mesmos, onde os produtos inteligentes podem tomar medidas corretivas para evitar danos e onde as peças individuais são automaticamente repostas.

A Internet das Coisas tem o potencial para desbloquear um novo potencial de inovação na fabricação. Mas o que impulsiona a Internet das Coisas? O que está por trás da buzzword IoT que está transformando nosso negócio hoje?

Enablers (habilitadores) da Internet das Coisas

A computação móvel: acesso barato à informação

A computação móvel desempenha um papel importante nesse desenvolvimento. Estamos incorporando capacidades de comunicações móveis em computadores e outros dispositivos. A largura de banda é cada vez maior, o que nos permite acessar ou transmitir informações a taxas de velocidade cada vez mais altas. As redes 5G possibilitarão conectividade como nunca vista, habilitando acionamentos remotos em tempo real, monitoramento de milhares de sensores simultaneamente na mesma rede, altíssima confiabilidade de serviço, entre outras.

Gap: Necessidade de expansão dos serviços de internet móvel e fixa, com largura de banda adequada aos novos tráfegos de dados. Agilidade na regulamentação das redes 5G. Desburocratização na habilitação de faixas de frequência para redes privativas. Desoneração dos serviços de telecomunicações, visando o incremento do comercio eletrônico, como plataforma necessária ao novo ambiente de competitividade.

A mídia social: conhecimento compartilhado nas comunidades

Os consumidores estão cada vez mais conectados e informados, em muitos casos, contornando completamente os meios convencionais de informação. 74% de todas as decisões de compra dos consumidores são influenciadas pelos meios de comunicação social.

Gap: Revisar e ajustar legislação que trata do comercio eletrônico, de maneira e tornar as transações ainda mais confiáveis.

Comércio: personalização em todos os segmentos

A indústria vem investindo e preparando o cenário para a produção de lotes unitários, com a possibilidade de personalização de praticamente tudo. Em muitos segmentos, a necessidade de registro prévio e detalhado, poderá ser uma barreira para a personalização em larga escala. Como exemplo temos os cosméticos, que podem ser “montados” no ponto de venda, conforme as características individuais, que hoje não é permitido, por dependerem de registros específicos conforme a formulação.

Gap: Revisar e ajustar legislação que trata da necessidade de registro de determinados produtos, mudando de algo muito específico, para algo mais flexível. De maneira e tornar possível a formulação, sempre dentro de parâmetros seguros, de cosméticos, produtos de limpeza, comestíveis, etc.

Internet: Tudo conectado através de protocolo único

A fim de facilitar a comunicação entre os dispositivos, todos eles precisam de um protocolo comum – o protocolo de internet. A norma IP4 a IP6 tem aumentado o número de endereços IP disponíveis a partir de: 4.3 * 10 ^ 9 a: 3.4 * 10 ^ 38. No futuro, cada coisa física ou ativo pode ser ligado à rede e tem uma representação virtual.

Gap: Necessidade de difusão do novo cenário tecnológico para estudantes, que serão responsáveis pela implementação e manutenção das tecnologias aplicadas nas novas fábricas e empresas de serviço. Trazer a comunidade de pesquisadores da área tecnológica para o fórum de discussões, bem como outras entidades de âmbito nacional.

Máquina à máquina: A autorregulação na produção

Hoje em dia, temos uma combinação de máquinas assistidas por computador e comunicações rápidas e acessíveis. Máquinas comunicam entre si (e não através de um hub de controle central). O resultado é a autorregulação e autonomia dos processos. As máquinas podem até “chegar” de forma proativa para os consumidores e fornecedores. No futuro, a peça carrega a informação de “o que ele quer ser no final” e as máquinas simultaneamente processam e direcionam a peça de trabalho com base na capacidade e disponibilidade de produção.

Gap: Incentivo às empresas para nacionalizarem a produção e implementação de tecnologias que são a base da plataforma tecnológica. Revisão da legislação que assegura a segurança do ambiente virtual, onde máquinas de diferentes empresas vão interagir, e gerar demandas que produzirão consequências físicas e econômicas para os parceiros de negócios. Esclarecer quanto a responsabilidade legal sobre as consequências de falhas operacionais que causem prejuízos na cadeia de negócios.

Big Data e análise preditiva: Compreensão e extrapolação em velocidade

O resultado líquido de milhões de máquinas que se comunicam umas com as outras, sensores constantemente enviando dados, pessoas conectadas o tempo todo; será inevitavelmente, uma explosão em dados. Armazenar, analisar e fazer uso destes dados é fundamental. Tecnologias de Big Data fornecem os meios para as empresas examinarem rapidamente através destas quantidades extraordinárias de dados, para entender e analisar os padrões.

Gap: Necessidade de difusão do novo cenário tecnológico para estudantes. Discussão e revisão da legislação que assegure a segurança da informação, bem como a propriedade intelectual e cultural em relação aos dados gerados. Praticamente todo conhecimento sobre a cultura de consumo do país estará disponível na grande massa de dados.

Conclusão: Há um potencial enorme relacionado ao IoT, que depende da agilidade das agências reguladoras, da academia e dos próprios executivos. Está definitivamente em nossas mãos.

SOBRE O AUTOR

Paulo Roberto dos Santos

Sócio Diretor da Zorfatec, consultoria em Inovação Tecnológica, Engenheiro Industrial Mecânico, MBA em Gestão e Engenharia do Produto pela Escola Politécnica da USP, Especialista em Industria 4.0. Durante mais de 25 anos atuou na Festo Brasil, sendo responsável por P&D e pela Estratégia de Produtos na Região Américas. Tem Especialização em Administração de Empresas, Gerenciamento do Desenvolvimento de Produtos, e Dinâmica Organizacional e Gestão de Pessoas pela Fundação Getúlio Vargas. Especialista em Gestão da Inovação, posicionamento estratégico da empresa para novas tendências como Industrial IoT e Indústria 4.0 (Manufatura Avançada). Com mais de 25 anos de experiência na Gestão de Projetos de Inovação, Engenharia e Automação. Mentor dos principais projetos de demonstradores de Indústria 4.0 apresentados na FEIMEC 2016, Expomafe 2017 e FISPAL 2017. Um dos pioneiros na introdução do tema Industria 4.0 no Brasil. Palestrante sobre temas de Inovação, Automação Industrial, Internet das Coisas (IoT) e Indústria 4.0. Apresentando os temas em congressos, seminários e eventos especializados no Brasil e América do Sul.

INSCREVA-SE NA NOSSA NEWSLETTER

- Publicidade -spot_img

ÚLTIMA EDIÇÃO REVISTA

spot_img

ÚLTIMAS MATÉRIAS