Segunda reportagem da Rádio Itatiaia clientes acusam a Ascensore Elevadores, empresa de fabricação, instalação e manutenção de elevadores, de receber o dinheiro e não entregar o produto acertado. A empresa está localizada no bairro Cachoeirinha, região noroeste de Belo Horizonte, e tem pelo menos oito processos ativos na Justiça com pedidos que passam R$ 700 mil. A reportagem apurou que um hospital de BH cobra mais de R$ 530 mil pela compra de elevadores não entregues.
A Ascensore nega calote, diz que enfrenta dificuldades causadas pela crise da pandemia de Covid-19 e que vai honrar os compromissos assumidos.
Um dos clientes informou à Itatiaia que assinou contrato com a empresa no final de 2020, deu uma quantia de entrada e dividiu o restante em dez parcelas, com entrega final prometida para o fim de 2021. Mas, segundo ele, o acordo não foi cumprido e até hoje ele está sem o elevador.
“Com muita insistência, me entregaram a parte estrutural do elevador e depois continuaram me enrolando. No final de 2022, a empresa foi separada entre os dois sócios por desacordo financeiro”, relatou o cliente à reportagem. “Postaram no Whatsapp que a empresa pediu falência e colocaram como contato o telefone da ex-sócia. Então, pelo que entendi, ela voltou para a sociedade. Ficaram de entrar em contato para resolver minha situação, mas até hoje nada”, completou.
O cliente diz que uma nova empresa, com outro nome, foi aberta no endereço da Ascensore Elevadores oferecendo os mesmos serviços. “Para minha surpresa, o dono abriu outra empresa com a mesma finalidade, de elevadores, mas com outro nome. E ainda a sócia da nova empresa é a mesma com quem ele desfez a outra sociedade”, alerta.
Hospital
A Itatiaia teve acesso ao processo envolvendo um hospital na região oeste de BH. Nele, consta que as partes firmaram contratos em março e outubro de 2021 para fornecimento e instalação de dois elevadores de ‘maca leito’, com preço de R$ 530 mil e entrega em 180 dias contatos a partir do sinal, mas o pactuado foi descumprido.
Ainda conforme o processo, as partes entraram em acordo que estabelecia a devolução de R$ 428 mil ao hospital, mas atrasou a primeira parcela. Por isso, a Justiça foi acionada.
Na versão do sócio da Ascensore, o hospital não aceitou a proposta e a contraproposta. “Sempre estivemos abertos para negociação, mas acharam por bem encerrar qualquer tentativa, infelizmente. Hoje um grande percentual do valor estaria pago, como estamos fazendo com dois clientes”, garante.
‘Caluniosa’
A Ascensore Elevadores enviou uma nota em resposta à reportagem. O sócio também enviou áudios e classificou a suspeita de calote como “caluniosa” e garantiu que a Ascensore continua aberta e tem o “intuito de sanar contratos com nossos clientes”. “Desde a pandemia, lutamos contra as consequências do cenário negativo que ocorreu”.
O texto ainda destaca que as entregas estão ocorrendo, mesmo com atraso.
O empresário também confirmou a abertura da nova empresa, inclusive com os mesmos sócios. “Devido à má administração da sócia administrativa da Ascensore Elevadores, dívidas com parceiros e fornecedores, impediam a continuidade. Hoje, a nova empresa está sendo administrada pelo sócio, onde será retirada a sócia do contrato social. A mesma não atua desde setembro de 2022, onde (sic) discordâncias geradas, necessitaram a saída”, diz o texto, que destaca ainda que os denunciantes serão processados.
Áudio
O sócio da empresa reforçou o impacto na pandemia de Covid-19 na empresa, inclusive com proibição de funcionamento em razão de decretos municipais.
“Mantive funcionários em casa. Tive dificuldade de receber de clientes. Nossa inadimplência ficou alta em função dos recebíveis e, desde esse momento, nós nunca baixamos a cabeça e desistimos”, destacando o aumento dos preços de matéria-prima.
O sócio confirmou ainda que a nova empresa já assumiu dívidas da Ascensore e trabalha para cumprir os contratos.
Polícia Civil
Procurada pela Itatiaia, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou por meio de nota que não identificou denúncias envolvendo a Ascensore Elevadores, mas recomenda: “A PCMG orienta que as vítimas compareçam a uma unidade policial mais próxima de sua residência para o devido registro dos fatos. Nesses casos é importante que a vítima também reúna e apresente todos os possíveis elementos de prova, como documentos, mensagens via aplicativo e/ou e-mail, para colaborar com o trabalho investigativo”, destaca.
Fonte: Rádio Itatiaia