Elevadores e inteligência artificial

Smart Lifts: Using IoT and AI to Increase Safety and Efficiency

Muitas tecnologias que surgem causam um impacto muito grande no nosso modo de vida, como o rádio, a televisão, o celular e o computador. Estamos agora vivendo a chegada de mais uma que promete muito mais do que talvez estejamos esperando pelo seu alcance. Falamos da inteligência artificial ou IA (AI = Artificial Intelligence, em inglês), que já está afetando a tecnologia do elevador. Sim, o elevador, assim como o mundo, já não será o mesmo com a presença da IA. Vamos falar um pouco dela neste artigo.

O que é a Inteligência Artificial

Muito se fala, mas pouco se explica. Para o profissional que trabalha com elevadores, certamente uma explicação é importante e deve ser uma explicação ao alcance de seus conhecimentos que lhe permita saber como ela vai influenciar sua vida profissional e como usá-la. Sim, a Inteligência artificial pode se tornar uma ferramenta importante para seu trabalho e ser encontrada nos próprios elevadores cada vez mais frequente, à medida que seus dispositivos evoluírem.

Os seres humanos se caracterizam por terem uma capacidade diferenciada em relação à outras criaturas, a qual denominamos inteligência. Essa capacidade incluem o raciocínio, aprendizado, planejamento e criatividade. A ideia da Inteligência Artificial é criar sistemas capazes de reproduzir essas habilidades, de modo que possam ser usadas tanto em programas, como em dispositivos práticos. Isso incluiria desde sistemas capazes de conversar com as pessoas, reconhecer voz e imagem até controlar dispositivos como drones, carros e aplicações diversas domésticas, como na internet das coisas (IoT).

De que é feita a inteligência artificial

Podemos dizer que a IA é uma ferramenta (ainda) que podemos usar no nosso dia a dia e nas nossas coisas, formada tanto por programas (software) como dispositivos práticos (chips) ou hardware. Na parte de hardware temos as redes neurais, que são circuitos que imitam o modo como as células nervosas estão dispostas no nosso cérebro e na parte de software (programas), temos o aprendizado de máquina, modelos preditivos e algoritmos.

Juntando tudo isso, podemos dizer que existem diversos tipos de inteligência artificial que vão desde a mais fraca, criada para aplicações específicas, por exemplo, em elevadores, as intermediárias, que podem aplicar conhecimentos em diversas áreas, até as mais fortes, que são gerais e podem se basear em recursos como a memória, aprendizado supervisionado e até mesmo combinando tudo isso. Essas seriam usadas na resolução de problemas muito complexos, como previsão do tempo, aplicações na economia como bolsas de valores e muito mais.

Imagem de jogo de vídeo game Descrição gerada automaticamente com confiança média

Figura 1- Imagem da Internet representando um robô dotado de inteligência artificial.

No mundo dos elevadores

Se a inteligência artificial afetará tudo no mundo em que vivemos, os elevadores não poderiam escapar. Na verdade, todos os avanços da tecnologia que surgiram desde quando os elevadores existem, têm sido introduzidos neste meio de transporte quase que imediatamente. Do motor elétrico, passando pelos controles com circuitos eletrônicos e chegando nos microcontroladores e mídias integradas, como sistemas remotos de monitoramento, displays e o infoentretenimento no mesmo estilo dos automóveis, certamente a inteligência artificial não poderia ficar de fora. Mas, o que realmente teremos de novo em termos de tecnologia? Ou simplesmente teremos um aperfeiçoamento das tecnologias existentes?

Um primeiro ponto a ser considerado e que já vemos hoje, mas que terá um desenvolvimento extraordinário, é que os elevadores vão se tornar inteligentes. O reconhecimento de face já uma realidade e a maioria dos condomínios já os utiliza nos pontos de acesso. O próximo passo será justamente o elevador. Quando você chegar ao elevador para chamá-lo, não precisará dispor das mãos ocupadas com os pacotes que carrega. Ele vai lhe reconhecer e perguntará se vai ao seu andar ou prefere outro. Se for um visitante, perguntará para que andar pretender ir.

Nos locais sensíveis, como os que exigem segurança, o acesso biométrico também será importante. Com aperfeiçoamentos, o elevador pode até analisar sua expressão facial e saber se a pessoa que está do seu lado está ou não forçando-o a leva-la até seu apartamento.

Um ponto muito importante para os que trabalham com elevadores é a possibilidade de se incorporar uma manutenção preditiva inteligente. O uso do aprendizado de máquina permitirá que o elevador fiscalize seu próprio funcionamento, fazendo com que ele notifique o técnico antes que o defeito ocorra. O próprio elevador agendará a visita do profissional de manutenção já indicando o defeito que pode ocorrer, por exemplo por uma peça, placa ou outro elemento que apresente sinais de que algo pode ocorrer. Ele até saberá qual técnico virá fazer a reparação, pois acessará a agenda de todos que fazem a sua manutenção.

Na verdade, o elevador estará conectado com seu técnico, podendo trocar ideias com ele quando notar alguma anormalidade, até mesmo realizando alguns procedimentos de segurança ou de auto reparação que estarão previstos para os pontos sensíveis. Ele pode ser mantido em funcionamento restrito até a chegada do técnico, disponibilizando menos funções e, é claro, avisando os usuários. Outro ponto interessante para ser considerado é a possibilidade do elevador reconhecer quando o passageiro tem certa idade ou dificuldade de locomoção e adaptar o tempo de abertura e fechamento das portas para ser um pouco maior.

Uma empresa britânica de elevadores foi além e pediu para que a IA desenhasse o que seria o elevador do futuro na sua concepção e ela produziu algumas imagens, que reproduziremos a seguir. Na primeira imagem, uma concepção de elevador do futuro, com mais espaço, maior conforto e dimensões que deixam de lembrar o cubículo pequeno que hoje predomina. O link para o artigo da empresa está junto à figura.

Figura 2 – Imagem da Internet – imagem de Sheridan Lift Technolofgy https://www.sheridanlifts.com/blog/future-of-lift-technology/

Como o profissional vai se comportar diante de tudo isso

Não nos surpreende se o profissional de manutenção de hoje se assustar com algumas das possibilidades que analisamos, mas do mesmo modo que a tecnologia do elevador evolui, os recursos com que o profissional pode contar também. Quem diria há alguns anos, que todo o funcionamento de um elevador seria controlado por uma simples placa com um computador completo? O que vem a seguir é que ela será inteligente.

Além do próprio elevador indicar o que está ocorrendo com ele, em caso de falha e até prever defeitos, os recursos técnicos serão mais avançados, como hoje ocorre com a tecnologia automotiva. O laptop com um programa apropriado que se conecta ao elevador para diagnóstico, fornecendo a indicação exata do que deve ser feito é um dos recursos. Outro é o fato de que as placas dos dispositivos de controle terão conexões numa arquitetura semelhante ao que ocorre nos automóveis.

Os automóveis estão passando da arquitetura centralizada para a arquitetura distribuída, onde uma central de controle se comunica com controladores situados nos dispositivos que devem ser controlados, como mostra a figura 3.

Figura 3 – Arquitetura distribuída
Imagem INCB
https://www.newtoncbraga.com.br/como-funciona/4142-art567.html

Um sistema central controla o tráfego de todos os elevadores de um edifício ou até mesmo de um condomínio para melhor gerenciamento de energia. Cada elevador terá sua unidade de controle, que se comunicará com os diversos dispositivos inteligentes. Esses dispositivos incluem os sensores biométricos, os sistemas de avisos, os alarmes, os sensores de porta e muito mais. Até mesmo dispositivos externos como acessos próximos, sistemas de iluminação e avisos podem ser incluídos. Além de ter conhecimento de como tudo isso funciona, o técnico deverá estar munido dos recursos para trabalhar com as diferentes partes.

Se bem que a maioria das partes, esteja na forma de blocos (placas ou outros conjuntos) que devam ser substituídos, o técnico deve ter tanto as ferramentas para sua retirada e colocação, como eventualmente para teste ou mesmo troca de alguns componentes que ainda poderão ser individuais. A habilidade no manuseio de ferramentas, instrumentos de prova e outros recursos ainda será necessária para esse tipo de profissional e sempre existe a possibilidade de se encontrar uma “instalação híbrida”.

Pode ocorrer de você encontrar uma instalação em que existam pontos em que a tecnologia antiga ainda prevaleça. O profissional deve estar pronto para tudo. Na imagem, mais um conceito futurista do elevador inteligente feito por uma IA.

Figura 4 – Conceito de elevador do Futuro (Sheridan Lift Tech.)

Componentes modernos

Muitos pensam que será simples a implementação da IA nos elevadores e em outros dispositivos, tornando suas partes totalmente inteligentes. Não é bem assim. A implementação de uma verdadeira inteligência artificial exige processadores com capacidades gigantescas. O número de variáveis na simples tomada de uma decisão é enorme.

Essa capacidade é medida em NPUs (Unidade de Processamento Neural). Trata-se de um dispositivo acelerador especialmente criado para o gerenciamento de tarefas que envolvem inteligência artificial. Uma simples NPU tem bilhões de transistores e exige muitos recursos para funcionar.

Para termos um dispositivo que realmente possa ser chamado de inteligente, que esteja nos primeiros níveis da IA, ele deve ter pelo menos dois NPUs. Ainda não existem dispositivos pequenos e acessíveis com essa capacidade, mas existem computadores maiores que alcançam até dezenas de NPUs e que podem ser usados num controle central de elevadores.

Dessa forma, o profissional dos elevadores poderá ter um sistema central de controle a reparar com recursos de inteligência artificial, mas ainda demorará um pouco para chegarmos a placas individuais com diversas NPUs.

Figura 5 – Unidade de Processamento Neural da Intel – imagem da Internet

 

Certamente, um preparo especial será necessário para trabalhar com ela, mas como em toda profissão, devemos ficar ligados, pois será necessário saber lidar com o que vem por aí.

SOBRE O AUTOR

Homem posando para foto em frente a espelho Descrição gerada automaticamente

Newton C. Braga é autor do livro “Os Segredos no Uso do Multímetro” e mantém o site www.newtoncbraga.com.br, além de um canal no youtube (/InstitutoNCBNewtonCBraga).

 

 

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