Por Paulo Roberto dos Santos
Quando tratamos do tema Indústria 4.0 ou Transformação Digital, observamos que Grupos de empresas e grandes empresas tomaram nota desse desenvolvimento, estão trabalhando em soluções e desenvolvendo competências. Porém, atualmente as pequenas e médias empresas (PME) do setor de elevadores estão distantes do tema e alegam que carecem de recursos para isso.
O que exatamente é “transformação digital”?
Segundo a Wikipedia, “Transformação digital refere-se a um processo contínuo de mudança, baseado em tecnologias digitais, que como uma revolução digital afeta a sociedade como um todo e, em termos econômicos, as empresas em particular. A base da transformação digital são as tecnologias digitais, que estão sendo desenvolvidos em uma sucessão ainda mais rápida e, como resultado, abrindo caminho para as novas tecnologias digitais. Os principais atores da transformação digital são empresas, indivíduos, comunidades, academia (com pesquisa e ensino) e o estado “.
Portanto, especificamente com foco na indústria e empresas de elevadores, estamos falando de assuntos como Indústria 4.0, segurança cibernética, nuvem, Internet das Coisas, inteligência artificial, propriedade de dados, computação de borda, manutenção preditiva, blockchain, realidade aumentada, métodos para teste digital, sensores e monitoramento em tempo real de elevadores e componentes.
Dada a multiplicidade de tópicos relacionados à Indústria 4.0, a questão dos recursos surge imediatamente, juntamente com a falta de conhecimento técnico e até em relação à falta de definições para os parâmetros e interfaces gerais. É justamente nesse ponto que as PME precisam cooperar, uma vez que os diferentes processos de desenvolvimento, que são em parte altamente complexos, apresentam grandes desafios, especialmente para o grupo mencionado.
Nesse cenário, há necessidade de que a estratégia de transformação digital seja discutida e estabelecida pela PME, e ser considerada diretamente em relação à prioridade na empresa. O desenvolvimento de uma estratégia 4.0 e sua implementação devem ser alcançados com o trabalho colaborativo. Na Indústria 4.0 não haverá espaço para empresas que tentem viver isoladas.
Qual a importância de uma estratégia de digitalização?
Vamos considerar a manutenção: não aconteceu muita coisa aqui nos últimos 30 anos. Muitas vezes, o trabalho ainda é realizado com a lista de verificação clássica. Mas isso está mudando atualmente – todo mundo está falando sobre “manutenção preditiva”.
Porém, assim que a manutenção é digitalizada, terceiros se envolvem, os chamados provedores de IoT. O que têm faltado para os provedores até o momento é conhecimento especializado. Mas com a manutenção digitalizada, as antigas empresas de manutenção perderão precisamente esse conhecimento especializado e os grandes players de TI entrarão no jogo. O conhecimento exclusivo não será mais necessário, porque a tecnologia torna muitos processos transparentes. Ainda haverá mecânicos que cuidam dos elevadores, mas eles não terão mais nenhum conhecimento do sistema de controle, baseado em IoT e dados.
Você acredita que será poupado por esse desenvolvimento e não é uma ameaça ao seu modelo de negócios? Então pense no e-scooter que um professor da principal universidade técnica alemã, RWTH Aachen, desenvolveu para os correios alemães, e de repente, a indústria automotiva tinha um concorrente que provavelmente não esperava.
Assim, terceiros entrarão no jogo, depois que a manutenção for digitalizada. Para eles, não importa em que setor está envolvido: a arquitetura de dados é a mesma em todos os lugares. E eles estão acima de tudo interessados em uma coisa: dados.
Bem, você pode pensar, então simplesmente não participaremos da digitalização e continuaremos trabalhando como antes. Um sonho perigoso: porque quem ignora esse desenvolvimento, mais cedo ou mais tarde, será substituído por um concorrente. As empresas que não fizerem parte de um portal de IoT em dez anos serão apenas prestadores de serviços; prestadores de serviços que não podem mais determinar seu modelo de negócios, isto é, o ciclo de manutenção e os preços.
Quem quiser participar do desenvolvimento do “Elevador 4.0” precisará de um provedor de serviços de IoT. Uma pequena empresa individual só pode reconhecer anomalias e desgaste se uma enorme quantidade de dados estiver disponível para eles, e eles puderem interpretá-los. Não é por acaso que analistas de dados e empresas iniciantes no campo da inteligência artificial estão surgindo em todo o lugar.
Muitos pensam apenas no monitoramento remoto quando se trata do “Elevador 4.0” e da Internet das Coisas. Mas muito mais está envolvido: a conectividade, a possibilidade de mesclar e usar as informações do edifício e as informações da Internet. Se, por exemplo, 50 xícaras de café forem bebidas em um prédio, o elevador poderá saber no futuro que é hora do almoço e muitas pessoas logo precisarão dos elevadores.
Em suma, é tudo sobre o fluxo de pessoas nos edifícios. O próximo passo evolutivo será vincular informações de edifícios com informações da Internet. Se um prédio alto estiver próximo a uma estação de trânsito rápido urbano, o que será vincular os controles do elevador ao horário da empresa de transporte? O controle de voz pelos usuários também será de grande importância no futuro.
Em vista desses desenvolvimentos, as pequenas empresas só terão uma chance se forem inovadoras. A má notícia: não será fácil para a indústria de elevadores, porque até agora não era muito inovador, simplesmente não era necessário. O roteiro para o futuro da indústria segue claramente na direção da transformação digital e esse processo não pode mais ser revertido. No final, a única questão que surge é em que ponto as respectivas empresas começarão.
Sobre o autor
Sócio Diretor da Zorfatec, consultoria em Inovação Tecnológica, Engenheiro Industrial Mecânico, MBA em Gestão e Engenharia do Produto pela Escola Politécnica da USP, Especialista em Industria 4.0. Durante mais de 25 anos atuou na Festo Brasil, sendo responsável por P&D e pela Estratégia de Produtos na Região Américas. Tem Especialização em Administração de Empresas, Gerenciamento do Desenvolvimento de Produtos, e Dinâmica Organizacional e Gestão de Pessoas pela Fundação Getúlio Vargas. Especialista em Gestão da Inovação, posicionamento estratégico da empresa para novas tendências como Industrial IoT e Indústria 4.0 (Manufatura Avançada). Com mais de 25 anos de experiência na Gestão de Projetos de Inovação, Engenharia e Automação. Mentor dos principais projetos de demonstradores de Indústria 4.0 apresentados na FEIMEC 2016, Expomafe 2017 e FISPAL 2017. Um dos pioneiros na introdução do tema Industria 4.0 no Brasil. Palestrante sobre temas de Inovação, Automação Industrial, Internet das Coisas (IoT) e Indústria 4.0. Apresentando os temas em congressos, seminários e eventos especializados no Brasil e América do Sul.